" Sou como você me vê.
Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania,
Depende de quando e como você me vê passar...


Clarice Lispector.


segunda-feira, 28 de março de 2011

Sanidade



Como é difícil colocar algumas coisas em prática, somos excelentes conselheiros para a vida alheia e não conseguimos ter tamanha clareza e coerência com a gente mesmo, diante de nós mesmos. Nossas cobranças ultrapassam a sensatez, não conseguimos aceitar que temos limites, exigimos tanto, cobramos tanto de nós,  que não cabe tempo, as responsabilidades nos exigem e o corpo já não acompanha, esquecemos compromissos e automatizamos nossa rotina e relacionamentos.

Até quando nossa sanidade permitirás, sabemos que é preciso ter tempo para tudo, sabemos das receitas milenares para se ter vida longa, compramos livros de auto- ajuda, gastamos rios de dinheiro em psicanalistas para conseguir equilibrar aquilo que a alma cansada, suplica por socorro e até quando?

Nossos ombros cansados arqueiam a cada dia que se passa, as cargas postas sobre eles acumulam medos e responsabilidades que não nos permite olhar além, pare! Até quando suportarás? O ciclo da vida continua a seguir sua órbita e é necessário avaliar, focar novas metas e estabelecer um novo modelo de vida....

Vida! a mesma que parece deixar de existir, quando por completamente mergulhas nesta rotina incessante, mas se ainda valesse a pena tantos sacrifícios, quem sabe justificaria e lhe daria razão....mas olhe pra si e perceba, o tempo continua a passar e permanecemos sentados a beira do caminho a espera que você tenha olhos para ver, nos ver....

sábado, 26 de março de 2011

Implícito



Minha alma fica em festa ao ver o brilho dos seus olhos, olhos que se acendem a cada ato meu, são as gestualidades que reafirmam o que é impossível de ser implícito...

Implícito não por se acovardar, mas pela preservação da essência, nossa essência, pelo instinto natural de cuidar do que se tem e não permitir que seja de alguma maneira tocado, meus olhos escancaram tanto querer e creio que não cabe mais.... olhos atentos nos observam....

E este observar, somente fortalecem os atos corriqueiros e enraizados da alma humana, denunciam a falta de maturidade para as transformações que não param de acontecer, concepções, valores, comportamentos, visões e padrões. 

A resignação tem sido meio de vida e ainda existem aqueles que se chocam com a audácia dos ditos vilões e destorcem as nuances do sentir.

E o olhar que me norteia, causa desorientação aos convictos e inquieta a alma dos espíritos aventureiros, despertentando o desejo de saber o que nos move.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Decifra-me...



O sabor do mistério provoca encantamentos, delírios percorrem a alma despertando interesse, olhar sem ver como num ato mecânico, descobrir o que pode existir além dos limites impostos naturalmente, olhamos e julgamos, sem saber que podemos nos surpreender ao nos aprofundar, descobrir gostos, agregar conhecimentos que nos tornam interessantes ao olhar.....

Decifra-me ou devoro-te...e não se surpreenda com as descobertas elas podem te fazer me olhar de maneiras e maneiras ...

Aproxime-se, abra porta e janelas, experimente o sabor das possibilidades, a visão por trás do muro sempre é mais interessante e encantadora do que a visão que temos do todo, o todo que se faz vazio, pois temos um olhar superficial das coisas e pessoas, nunca nos aproximamos dispostos a ouvir e conhecer sem maiores pretensões.

E um dos encantos em conviver é o ato de se surpreender ao desvelar, a sensação de encantamento, do conhecimento, ultrapassar os limites do vazio cotidiano e perder-se nas infinidades de sentimentos, qualidades, virtudes, medos e desejos que faz do outro alguém agradável de estar e conviver , mas para isso é preciso admirar e conhecer ......

E o nascimento das relações duradoras e significativas surgem assim, quando nos permitimos olhar e captar as essências e nos afinamos com elas, adentrando aos espaços e tornando parte de nós, substituindo os achismo e prevalecendo o conhecimento.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Mãos que...


As tragédias naturais se repetem num curto espaço de tempo, mostram a força da natureza após anos de descaso e desrespeito, as mãos do homem produzem danos irreparáveis cometidos cotidianamente.

O coração do planeta pulsa e expele sua dor, a força que vem do centro da terra ora faz tremer o chão, ora faz o mar devastar, ora faz o céu não parar de derrubar água. Prédios e casas caindo, ondas e rios que inundando, enxurradas que devastam e tornam o bicho homem insignificante diante de sua ira, nos tornamos grãos de areia diante das áreas afetas e catástrofes jamais vistas.

Vemos o bicho homem sofrendo as conseqüências, milhares de vidas perdidas e ainda não nos conscientizamos que somos os únicos responsáveis por tanta dor e perda.

A vida na terra depende de nós, emissão de gases sem controle, desmatamentos incontroláveis, o capitalismo impera sobre a existência humana, até quando continuaremos a ser e fazer desta forma, os sinais estão por toda parte, vivemos as conseqüências de nossas ações e omissões, talvez a ficção 2012 seja um pressagio que está acontecendo agora em cenas soltas pelo mundo.

Desta vez sem expectadores mas com vítimas reais.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Cinismo



Enoja-me o cinismo dos menores, a falta de coragem para assumir seus erros e falhas, e não é por me sentir melhor do que ninguém, porém assumo os meus, sem medos e dedos....

Creio que as vezes é preciso vestir esta mascara, usar de subterfúgios para ser educada ou para se conviver, mas fazer disso prática comum, não, não cabe....

E esta falha de carácter, ausência de valores se espalha feito epidemia, o contágio é feito por palavras e se transmite sem pudor, as pessoas estão doentes e nem percebem, estão acostumadas a viver mergulhadas nestes mundo de inverdades e cegas em suas omissões que se justificam embasadas em seus cinismos .

domingo, 13 de março de 2011

Jardim



Do ângulo em que me encontro silenciosamente observo meu jardim, se é que posso chamá-lo de meu, o tempo transformou as sementes em belas flores, ainda ontem precisavam de cuidados e atenção, agora possuem vida própria e espinhos para se defenderem, repelindo qualquer estranho.

Como um jardineiro fiel por muito tempo amei e me orgulhei de cada uma delas, juntas coloriam e perfumavam, suavemente tingindo e encantando meus dias, somente eu sei das histórias que as tornam singulares e únicas para mim, uma história que levou tempo para ser construída, e que hoje encontra-se numa caixa guardada no fundo do armário a espera do tempo e de novas oportunidades.

E assim com o cuidado necessário e com o talento único de um jardineiro mais que fiel, pacientemente aguardo a chegada da primavera, momento de polinização onde as sementes ganharão asas e visitarão novos jardins, permitindo serem cuidadas e admiradas por outros cuidadores, perfumando e encantando novas terras e atraindo outros olhares.

sábado, 12 de março de 2011

Escolhas


Verdades e mentiras!

qual a linha tênue que as separam, duas vertentes que norteiam as relações e deixam suas marcas....

Olharmos para dentro de nós e identificá-las é uma tarefa difícil, requer coragem e lucidez, coragem para desmascarar as mentiras que nos servem de muletas e lucidez para admitir as verdades.

E em quanto não tomamos coragem de encará-las, somos escravizados a viver nesta dualidade, contamos mentiras e escondemos as verdades, mantemos relações desinteressantes e vazias em nome da gratidão e histórias que as envolvem ou estabelecemos novas que colorem os dias e nos dão novo fôlego.

Talvez a linha que as separam esteja no caminho das escolhas necessárias, escolher entre a verdade e a mentira a ser dita, enganar a si mesmo com uma mentira ou simplesmente dizer a verdade.

Precisamos de doses e doses de coragem e lucidez para escolher o momento certo de equilibrar as duas senhoras que conduzem as relações que estabelecemos e mantemos .