" Sou como você me vê.
Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania,
Depende de quando e como você me vê passar...


Clarice Lispector.


quarta-feira, 9 de julho de 2014

Pátria de Chuteiras!


Pares de chuteiras embalam sonhos, explicitam a identidade e as esperanças de um povo com  mais de 200 milhões de corações, que a cada quatro anos, querem ser reverenciados por sua arte. Arte que nasce nas periferias das cidades de um Brasil que o mundo pouco conhece. 

Arte que brota nos morros e comunidades brasileiras. Berço de nossos talentos, verdadeiros criadouros de tantos tesouros e divindades da bola, que nascem com um dom nato, encantar o mundo com os pés....

Somos a pátria de chuteiras, uma nação que ama futebol e diante disso, fomos contagiados a viver a Copa do Mundo em nossa casa. Historicamente o berço do futebol, uma onda verde e amarela tomou conta do país. A paixão nos moveu a colorir as ruas, a usar verde e amarelo, a colecionar figurinhas, a ver nossas crianças encartar-se com o clima de copa, o mundo visitando o Brasil e adorando os brasileiros é este o sentimento que move, nós brasileiros....

Embora, seja uma competição, e hoje estamos fora da disputa do título, ontem perdemos vergonhosamente por 7a1, podemos justificar, crucificar, enterrar, culpar. Não fará diferença. Há anos temos uma seleção que não convence, que não encanta ninguém. Mas esperançamos e queremos sempre ser o melhor de todos, provar que se existem alguém que entende de futebol, somos nós, nós temos o Rei do futebol, más será que somos hegemônicos??

A contemporaneidade deturpou nossa arte, prematuramente vislumbramos oportunidades, partimos em busca de sonhos e realizações, vendemos nossos tesouros acreditando que com isso, ganharíamos notoriedade e respeito, quando na verdade, vimos o futebol brasileiro perdendo sua identidade e referência. Nossos jogadores vão jogar fora e perdem seu jeito moleque que os caracterizam e ficamos  assim,  como estamos, milionários e mercenários, será?

Há anos nossa seleção é convocada e apresenta um futebol longe da arte que temos e queremos, há anos nosso futebol deixou de ser uma referência, reunimos nossos tesouros e divindades da bola e não conseguimos fazer com que cada um deles, compreenda que representar seu País, é muito mais que ter contratos milionários, e ser aclamado como o melhor jogador do mundo. A camisa amarelo canarinho não causa mais o mesmo temor e respeito nos nosso adversários há tempos. Precisamos resgatar a identidade do futebol brasileiro, resgatar a leveza, alegria e a genialidade do nosso futebol, resgatar o olhar e a coragem do técnico brasileiro que não cede aos patrocinadores e à mídia destruidora...

 Esta Copa deixa um legado muito mais importante que um título, nossa hegemonia está em nossa capacidade de conviver  e  viver  com  o  outro, às  31  seleções  que  aqui  estiveram juntamente  com  seus  seguidores, voltará  ao  Brasil  sempre  que  puderem, por  nós, pela maneira  como  foram  recebidos e pelas  pessoas  que encontraram. Resgatamos  nossos estádios sucateados e ganhamos outros novos. E após tantas demostrações, manifestações e vaias que façamos a diferença, que o reflexo nas urnas sejam as respostas que queremos dar à tantas perguntas que ficaram sem respostas.